quinta-feira, 29 de abril de 2010

Tempos idos

O nome dela era Dina.
Baiana, pouco mais de um metro e meio.
Responsável por manter a casa em ordem, as roupas passadas e a comida pronta.
Brava.
Não gostava de bagunça.
Resmungava pelos cantos.
Mas adorava aquela casa.
Do lado da vila Mariana. Mas Dina nunca, jamais, nem por deus, entrava em uma estação, trem de metrô.
Não admitia medo, só fazia caretas.
Também não gostava do Mappin. Não ia ao Mappin, falava mal do Mappin e ponto, não tinha discussão.
Aniversário da Dina, resolvemos fazer uma festa.
Ficou feliz mas fingiu indiferença e se propôs a preparar comida baiana.
- mas não carrega na pimenta, olha lá as pessoas não estão acostumadas...
No grande dia, ela, agitada, arrumada, feliz e de cara amarrada pra fazer tipo.
A um que mencionou que iria em breve para a Bahia a pergunta:
- i é? eu tenho um "irimão" lá, se encontra com ele fala que eu tô bem que carta eu não escrevo não! eu não!
Ganhou um presente, abriu, e outro, e mais outro, um perfume, abriu, cheirou, passou, animada, feliz.
E mais uma pessoa, mais um pacotinho, que Dina virou, remexeu, chacoalhou e coroou:
- ah, um prefume... já ganhei um prefume hoje, esse eu vou guardar, não vô abri não!
- Abre Dina, veja se é mesmo um perfume, veja se gosta, agradece!
- não, não precisa, é um prefume mesmo, eu tô sentindo!
E saiu pra cuidar da cozinha porque afinal, a festa era dela, mas a cozinha, a comida, a limpeza e a ordem também!

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