segunda-feira, 18 de agosto de 2014

No parque

Olhou por um tempo o céu de um azul claro, cálido.
Tirou o bloquinho do bolso e rabiscou um perfil de rosto desconhecido.
Deixou a caneta balançando entre os dedos e lembrou-se das brincadeiras do tempo de escola em que balançava uma caneta bic entre dois dedos e ela parecia derreter-se.
Esticou as pernas. Um princípio de câimbra.
Olhou para o bico do tênis, sujo de barro.
Um passarinho cantava despreocupado.
A mãe passou arrastando um menino que equilibrava desajeitado a bolsa da escola e um picolé de maneira que não pingasse na camiseta do uniforme.
Ainda olhou para ele quando dobrou a alameda do parque.
Uma câimbra mais forte.
Uma dor que foi subindo pela perna.  Forte, forte.
Guardou o bloco, mas a caneta caiu.
Tombou a cabeça no banco sem encosto de cabeça.
No fim do dia o menino falou, mas a mãe não deu atenção...
- olha mãe, esse moço ainda tá aí, faz tanto tempo que até dormiu 

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