Não fosse o
tempo que não te vejo deixar um rastro em minha memória eu não saberia mais que
você existiu.
Tudo não
passou de um pedaço da minha história. Um quadrinho talvez. Uma mudança de
página e de repente um grande fim escrito no meio.
A foto
amarelou.
A rosa
murchou.
A janela bateu
com o vento e um pedaço da cortina ficou gritando por socorro no alto do décimo
quarto andar.
O livrou
caiu, o marcador se perdeu e a história aproveitou para embaralhar-se.
Não fosse o
tempo e tudo se resolveria.
O céu tão
azul e límpido que não dura para sempre estaria até hoje no ar.
Memória
hermeticamente fechada.
Um rastro na
minha memória.
Estivesse
você aqui e não teria um rasgo no meu querer.
Uma dor no
peito.
Um amargor
na boca.
Um tremor
nas pernas.
Um novo
pedaço de história pode ser escrito.
Uma aquarela
no lugar da foto.
Margaridas
no vaso.
Janela calçada
para não prender a cortina, deixar a vida esvoaçar.
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