Voltar ao
estado sólido do amor.
Em um tempo em que não há estado melhor para se morar.
Pensar que
já se passou da metade, que nenhuma metade é pior que um terço e que nada
supera tudo que pode ser inteiro.
Inteiramente
concentrada no que poderá ser é um estado sólido que nos impede de ver o que
está sendo.
É agora, é
aqui. Em cada segundo que se despede do inverno e se prepara para a primavera.
Coitada da
primavera. Estação linda que se abre em flor, mas que no fundo, no fundo, sofre
de uma ansiedade de passar rápido porque todo mundo, no fundo, no fundo, espera
o verão.
Voltar ao
estado líquido do choro que lava a alma.
Voltar ao
que já foi na doce lembrança do porta retrato empoeirado.
Que imagens
têm do passado?
Que cheiros,
que cores, que amores?
Voltar ao
estado de não estar.
Sentar e se
emocionar.
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