- Eu roubo.
- Desde
quando?
- Desde
sempre.
- Conte-me
algumas passagens.
- Quando era
criança roubei um carrinho de plástico de um quintal. Em casa falei para minha
mãe que achei na rua. Ela acreditou. Mas umas crianças vizinhas da casa tinham
visto e foram lá em casa com o dono do carrinho. Falei que tinha achado na
calçada e guardado para devolver, mas eles não acreditaram.
- E sua mãe?
- Não disse
nada. Não fez nada.
- E adulta?
- Roubei uma
pulseira de uma bolsa em uma academia de ginástica que meu namorado frequentava.
Foi uma confusão lá, mas eu não soube. Um tempo depois ele viu a pulseira
comigo e levou de volta. Tive que telefonar e me desculpar. Ele ficou com muita
vergonha de mim.
- E você?
- Eu o quê?
- Você ficou
com vergonha?
- Não me
lembro. Acho que sim.
- E parou
por aí?
- Não, eu
ainda roubo. Coisas, qualquer coisa. Não quero lucrar, não são coisas de valor.
Quero ter. Quero subtrair.
- Podemos
continuar essa conversa na próxima semana.
- Eu não vou
voltar.
- Seria bom.
- Seria. Mas
não vou voltar. Não vou pagá-lo. Acabo de roubar o seu tempo.
- Ok. Acho
que vai voltar sim.
- Não. Eu roubo. Apenas isso, nada mais.
- Não. Eu roubo. Apenas isso, nada mais.
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