quinta-feira, 1 de março de 2012

Lurdinha

olhou pra Lurdinha e pensou que se soubesse fazer um poema talvez conseguisse namorar com ela,
desses namoros de ir no cinema, pegar na mão, comprar pipoca, dar um passeio, se vem um parque na cidade ganha um ursinho de pelúcia, desses namoros, simples, não de novela, com jóias e vinhos, não, desses de esperar no ponto de ônibus, pedir uma pizza no domingo pra família inteira, ficar no portão
mas ele não conseguia
tudo o que pensava quando olhava pra Lurdinha era que ela devia ter uns peitos lindos
e que aquelas pernas torneadas deviam terminar no paraíso e que quando ela vinha vindo ele já se preparava pra virar por que, ah por que
ele era um camarada muito do safado e desse jeito não ia
até aquele tonto do irmão do Jeremias estava namorando e ele nada, só sonhando com a Lurdinha
uma vez até tentou, mas precisou tomar um gole pra falar com ela quando ela saísse do trabalho, mas daí precisou tomar outro e mais outro e quando o supermercado fechou e a Lurdinha fechou o caixa ele já estava tão "engolado" que fez mais foi se esconder
olhou pra Lurdinha e pensou que se soubesse fazer um poema...
depois pensou que isso também podia não funcionar e resolveu deixar pra lá
se pelo menos ele fosse o dono da boca
e aí a mão coçou
mas também a Lurdinha não era pra isso tudo não, se desse uma cana matava a mãe do coração
olhou pra Lurdinha e pensou... tá tão calor, melhor tomar uma cerveja com o Zé e perguntar como foi que o jogo acabou

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