Conheci uma menina, entre tantas meninas que conheci, que se divertia com suas histórias e que não se envergonhava de contá-las.
Uma menina de existência pesada, que ela tornava leve conforme transformava as histórias no clássico clichê seria trágico se não fosse cômico.
E me contava entre espantada e sorridente que muito, mas muito queria ganhar um relógio e não podia comprar.
De certa feita ganhou um, que às vezes funcionava, outras nem tanto, que não era moderno, mas também não era ultrapassado. Que era de segunda mão, não fora comprado pensando nela, mas que somando aqui subtraindo ali era um relógio e era dela.
E como era dela e era um relógio ela queria que todos vissem.
Voltando para casa em um sábado de noite quente, depois de uma festinha, percebeu um grupo de meninos, quase da mesma idade. Iam um pouco à frente e então apertou o passo e, ao passar por eles, repetidamente olhou para o relógio, levantando o pulso bem alto. E uma vez e outra. Exibindo sua preciosidade.
Mas o efeito foi bem outro...
Diante da insistência do gesto um dos garotos comentou:
- isso, rápido que o papai deve estar bem bravo com a filhinha atrasada...
Foi um balde de água fria. Vida cheia de clichês.
E re-encontro essa menina, bem passada dos trinta, que me conta histórias de sua existência leve, mas histórias que, por ora, não posso publicar!
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