Chegou em casa esbaforida e sem palavras.
Sentou depois de beber um copo de água gelada.
Prendeu os cabelos.
Primeiro ia descansar e recuperar o fôlego, depois ia procurar o significado daquilo.
Antagonista de si mesma.
Que diabo seria isso?
Não queria parecer ignorante, mas ele dizia coisas que ela não alcançava!
Não ia dar certo, ela tinha que desistir logo.
Se a mãe sonhasse, estaria perdida.
Ele era o filho da patroa. Ela era a filha da empregada e ponto final.
E não é como nas novelas, a coisa é séria, ninguém quer saber desse tipo de casal, nem a mãe dela e nem a mãe dele. E já começava com essa história dele segurar suas mãos e dizer:
- não tenha medo, não seja antagonista de si mesma!
Será que era inimiga?
Parecia ser. Ela queria desistir logo, acabar com essa loucura de namorar o filho da dona Gisele.
- Já chegou?
- Oi mãe...
- No que tá pensando?
- Em uma palavra nova que ouvi e preciso criar coragem pra ir pesquisar no dicionário
- Ah, não vou nem perguntar qual é porque minha cabeça não dá pra mais nada!
Foi desmanchando o sorriso que inventara para receber a mãe.
Foi recolhendo a mão que ainda segurava o copo.
Foi se conformando com a vida sem graça.
Antagonista de si mesma, pois sim, ser ela é que eram elas! Diria a avó se não tivesse morrido.
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