Para o bem ou para o mal.
Nos idos de 1940 meu avô paterno Augusto administrava uma fazenda.
Rosto vermelho de italiano que não se entende com o sol sabia tudo o que estava acontecendo.
Uma conversa aqui, outra ali, começou a correr a notícia de que a fazenda estava mal assombrada e os colonos estavam todos assustados.
Ah, seu Augusto logo quis saber que conversa era aquela e ouviu não de um, mas de vários moradores da colônia que, à noite, viam quatro vultos carregando um caixão.
Bom, conversa que passa, conversa para animar a colheita de café, pensou. Mas não passou.
As mulheres recolhiam as crianças lá pelas seis da tarde e logo todas as casas se fechavam e aí sim, parecia um lugar assombrado.
Seu Augusto, cansado desse assunto, mas quieto, sem dizer nada a ninguém, passou a mão na espingarda e ficou de guarda, escondido lá pelo meio das pilhas de lenha.
Uma noite, duas, três, na quarta ia desistir quando viu o cortejo ali pelas nove e meia da noite.
Não teve dúvida. Apontou a espingarda e saiu chispando em direção aos vultos, que de vultos não tinham nada.
Tinham eram boas pernas e abandonando o caixão entraram pela mata adentro e nunca se soube quem eram.
O caixão não estava vazio, mas não levava nenhum defunto. Estava era repleto de grãos de café que, semana após semana, iam sendo roubados.
Acabou-se a assombração mas não sei qual foi o destino do caixão. Certamente essa pergunta foi uma das tantas que ficou sem resposta, não porque ele não me desse atenção, mas porque eu perguntava demais. Em algum lugar ele está pensando: e essa moleca ainda se lembra dessa história!
Lu, adorei teu blog...ja pensou em escrever para colunas? Vc leva um baita jeito... saudades de vc.. beijos Adri Tito
ResponderExcluirAdorei esse post da história de assombração. Muito bom. O seu texto é bem legal e criativo, Lusia. Coisa de quem se entende bem com o idioma. Consegue descrever o que se passa na cabeça e ainda fazer a gente navegar no meio da história. Dá uma vontade de ter conhecido Seu Augusto. Beijos. Mônica
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