A Alzira era
uma menina comum.
Tirando o
fato de se chamar Alzira. Nascera no mesmo dia em que a bisavó e a avó,
emocionada, sugeriu o nome.
A mãe não
gostou, mas estava fraca de tanto esforço para parir menina tão pequena que nem
opinou.
O pai que
andava às turras com a velha, mas que precisaria dela nos cuidados da casa, da
mulher e da filha, capitulou.
Ele, de
fato, queria mesmo um moleque então tanto fazia.
Alzira não
era feia nem bonita.
Nem magra
nem gorda. Nem alta nem baixa. Uma menina comum.
Não tinha
cabelos loiros cheios de cachos. Não tinha covinha num rosto redondo e rosado.
Alzira não
tinha olhos azuis nem verdes.
Alzira não
era nem muito morena nem muito branca.
Alzira
chorava quando tinha fome, mas não fazia escândalo.
Quando
começou a andar, a falar, quando deixou as fraldas, quando começou a escovar os
dentes sem ajuda foi desaparecendo dentro de casa. Alzira não dava trabalho. Era uma
menina comum, uma menina quieta.
Se as
meninas da rua chamavam para brincar, levava sua boneca, sentava e brincava.
Se não
chamavam, pegava sua boneca, sentava em um canto e brincava.
Alzira não
dava trabalho. Alzira era uma menina comum, crescendo e desaparecendo sem
brilho nenhum.
Na escola não era a primeira aluna, mas também não era das
piores. Uma menina
quase invisível. Por isso, a mãe levou um susto imenso quando na reunião de
professores foi chamada na sala ao lado por uma diretora carrancuda que a
advertiu: a Alzira precisa de freio! Pois ela levanta a saia e mostra a
calcinha para os meninos e até mesmo para o professor!
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