Apagou a
vela com um sopro fraquinho.
Virou-se bem
devagar para não fazer ranger a cama velha.
Encarou o
mancebo com a manga de camisa pendurada que por tanto tempo lhe sugeriu um
fantasma. Já não tinha medo.
Fechou os
olhos.
Respirou
acompanhando o caminho do ar até onde foi possível.
Pensou na
última vez em que esteve na praia, pé descalço na areia quente.
Lembrou que
a mãe sempre perguntava sobre a oração antes de dormir.
Mais uma vez
desobedeceu.
Santo nenhum
dava valor às suas rezas. Não acreditava muito e quando desesperou e rezou também
não viu muita diferença.
As coisas
passam porque passam.
As coisas
acontecem porque tem que acontecer.
Não há
mistério.
Não há
filosofia.
Sentiu o
gato pular no pé da cama.
O cachorro
espiou, como sempre, desconfiado.
A vela ficou
pela metade.
A cama não
fez mais barulho.
A manga da
camisa sentiu a leve brisa e balançou. Não seria a última vez, mas já não
assustava ninguém.
Quanto tempo demorou a darem falta do Osvaldo ninguém soube contar.
Quanto tempo demorou a darem falta do Osvaldo ninguém soube contar.
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