quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Combate

Terminou o banho despreocupadamente e, quando abriu o box, ele estava lá.
Enxugou-se sem tirar os olhos dele.
Calçou os chinelos secos, se enrolou na toalha.
Movimentos leves, quase coreografados.
Ele parecia ignorá-la completamente.
O movimento foi rápido, o braço imprimiu força bruta e a mão espalmou o azulejo com vontade.
Quando olhou para o resultado, qual não foi sua surpresa ao não ver nada. Absolutamente nada.
Olhou em volta entre curiosa e furiosa e não demorou muito para localizá-lo.
Fechou a porta. Por aqui não sai.
Arrogante. Atrevido. Ágil.
Tentou uma vez mais com a mão, depois com a toalha. Nada.
Pensou nas tarefas do dia, atrasada como sempre. Desistiu.
Quando pousou a mão na maçaneta para abrir a porta ele pousou quase no mesmo lugar anterior.
E dessa vez a palmada foi certeira.
Abriu a torneira, lavou a mão com a água bem fria. Passou a mão molhada no azulejo, voltou a lavar a mão.
E então se arrependeu. Sabia que em algum momento seria picada por aquele pernilongo, mas não precisa ter acabado com ele assim, que não deixou nenhuma mancha de sangue na parede.
Pobrezinho, morreu com fome.

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