Anastácia bordava, mas não vivia. Narrava uma biografia que construíra para ter a ilusão de uma vida melhor.
Cada ponto no tecido uma cena.
A garota sentada aos pés, descabelada e com a boca suja de manga gostava de ouvir as histórias, mas não sabia se acreditava.
Capítulo Um.
Eu nasci no mês mais lindo do ano, maio, mês das noivas...
- mas você nem casô Nastácia...
Não importa! Eu era uma bebê linda e gorducha de cabelos loiros, cheios de cachos e olhinhos bem azuis!
- mas você nem é dessa forma Nastácia, tem olho preto, cabelo preto...
Antigamente as crianças nasciam assim, bem lindas e depois iam mudando, não vê que hoje ainda algumas crianças nascem carecas e depois ficam bem cabeludas?
- mas olho muda de cor?
Eu era a caçula de cinco irmãos meninos e meu pai me tratou sempre como uma princesa!
- e princesa não tem coroa não Nastácia? cadê a sua?
Anastácia balançava a cabeça, nem que sim nem que não.
Um ponto forte, um ponto frouxo.
Deixa pra lá moleca, vai arranjar o que fazer!
Capítulo Dois.
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