Fazia
perguntas como todas as crianças.
- quem
desenha as linhas da impressão digital?
- tem gente
que não tem linha na impressão digital?
- é de
verdade que a cigana enxerga o que está escrito nas linhas da palma da mão?
- por que
tem coisas escritas nas linhas da palma da mão?
- é como se
fosse o nosso caderno secreto?
- mas, se é
nosso caderno secreto, por que é que a gente não consegue ler e uma pessoa que
nem conhece a gente sabe o que está escrito ali?
- dedo do pé
tem impressão digital?
- e quem não
tem mão, não pode tirar documento daqueles que tem que pintar o dedo e
carimbar?
Gostava
muito das linhas do corpo.
Roubava
nanquim do material escolar da irmã e se divertia sujando mãos, cara e sofá.
- e essa
marca na sola desse chinelo havaiana? é a impressão digital do chinelo?
- se ficar
essa marca no meu bumbum aí eu vou ter impressão digital na bunda?
E quanto
mais perguntava, menos sabia sobre as impressões digitais.
Quando caminha
na areia da praia sempre vai rabiscando uma impressão que espera ser diferente
de tudo o que vem vivendo até aqui.
Hoje é o dia
Fernando, como está se sentindo?
Não sei.
Tudo o que tinham para prender o meu pai, há 20 anos, era uma impressão digital.
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