terça-feira, 25 de outubro de 2011

Passando a limpo

Se eu voltasse à fazenda hoje eu desceria logo depois de Gália, nas cruzinhas.
Sairia correndo sem olhar pra trás para chegar primeiro que minhas irmãs mesmo estragando a surpresa.
Sob gritos de protesto.
Pararia na "calça comprida" para descansar. Um tronco de árvore que mais parecia um banco e que pela formação dos dois galhos lembrava uma calça comprida.
Mas antes de minhas irmãs me alcançarem eu já estaria de fôlego recuperado e partiria novamente em disparada.
Depois do beijo do avô e dos afagos da tia iria para a cozinha verificar se o bolo de milho - o melhor que já comi em toda a minha vida - estava esperando por mim. E se não, faria a encomenda.
Se eu voltasse à fazenda hoje, logo depois de descalçar os sapatos de viagem eu iria surrupiar uma espiga de milho, uma única, e jogar aos porcos, sem atinar que era maldade pura incitar uma disputa considerando que alguns mal podiam se levantar.
E depois iria olhar o Pombinho tomar banho. O cavalo branco xodó do avô.
E espiar as casas da colonia.
E sentar na sala tão limpa e tão quieta e pensar que aquele silêncio podia me devorar e por isso eu não podia estar ali mais do que cinco minutos.
Se eu votasse à fazenda hoje talvez eu encontrasse lá pessoas queridas, que deixaram marcas no meu coração.
Talvez encontrasse a minha tia Cida, a tia do bis, do jeito carinho de lidar comigo, com os meninos e com o meu tio Nelson que me deu o apelido mais apropriado que já tive até hoje: mosquitinho elétrico.
Se eu voltasse à fazenda hoje eu sairia nessa foto com um sorriso bem maior!
E, claro, ia perguntar pro Luis Otávio porque ele ainda não tinha relógio?

Um comentário:

  1. Agora também fiquei curioso, portanto também perguntarei ao "Brasinha"...!!!

    Carlos A. Nicolino.

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