Se eu voltasse à fazenda hoje eu desceria logo depois de Gália, nas cruzinhas.
Sairia correndo sem olhar pra trás para chegar primeiro que minhas irmãs mesmo estragando a surpresa.
Sob gritos de protesto.
Pararia na "calça comprida" para descansar. Um tronco de árvore que mais parecia um banco e que pela formação dos dois galhos lembrava uma calça comprida.
Mas antes de minhas irmãs me alcançarem eu já estaria de fôlego recuperado e partiria novamente em disparada.
Depois do beijo do avô e dos afagos da tia iria para a cozinha verificar se o bolo de milho - o melhor que já comi em toda a minha vida - estava esperando por mim. E se não, faria a encomenda.
Se eu voltasse à fazenda hoje, logo depois de descalçar os sapatos de viagem eu iria surrupiar uma espiga de milho, uma única, e jogar aos porcos, sem atinar que era maldade pura incitar uma disputa considerando que alguns mal podiam se levantar.
E depois iria olhar o Pombinho tomar banho. O cavalo branco xodó do avô.
E espiar as casas da colonia.
E sentar na sala tão limpa e tão quieta e pensar que aquele silêncio podia me devorar e por isso eu não podia estar ali mais do que cinco minutos.
Se eu votasse à fazenda hoje talvez eu encontrasse lá pessoas queridas, que deixaram marcas no meu coração.
Talvez encontrasse a minha tia Cida, a tia do bis, do jeito carinho de lidar comigo, com os meninos e com o meu tio Nelson que me deu o apelido mais apropriado que já tive até hoje: mosquitinho elétrico.
Se eu voltasse à fazenda hoje eu sairia nessa foto com um sorriso bem maior!
E, claro, ia perguntar pro Luis Otávio porque ele ainda não tinha relógio?
Agora também fiquei curioso, portanto também perguntarei ao "Brasinha"...!!!
ResponderExcluirCarlos A. Nicolino.