Eu abandono a ordem rígida das coisas, mas elas não me abandonam.
Tenho mais de cem lápis em um porta-lápis só para eles e todos estão rigorosamente bem apontados.
Quando uso um, ele fica de lado, em outro porta-lápis, e quando a maior parte já migrou de um pote para outro, aponto todos até ficarem como novos.
Tenho um apontador elétrico.
Os meus sapatos têm par na sapateira. São agrupados por semelhança, assim podem trocar experiências.
Pendurar roupas no varal é um exercício de arte para mim.
Gosto de separar todos os prendedores por cor e tipo. Uso critérios diferentes em cada ocasião: todas as camisetas com prendedores verdes. Ou, uma peça com verdes, uma peça com vermelhos e outras combinações possíveis. Pode-se também combinar a cor da peça com a cor dos mesmos e nunca, jamais, usar duas cores diferentes. Uma heresia.
Já me disseram que se eu fizesse isso todo dia essa mania logo acabaria.
Outros me dizem que eu tenho toque.
Outros me dizem que... ah, não me importa, o que me importa é que eu procuro me divertir fazendo qualquer coisa.
Nunca, jamais eu lavo um garfo junto com uma colher e nunca o último fica sozinho e triste no fundo da pia. Se não são em número par, o último grupo será um trio.
Eu converso com as coisas.
As coisas nunca me responderam com palavras, mas me entregam a poesia da sua existência e eu posso contar as histórias delas. Elas gostam.
Eu gosto e é o que basta.
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