quinta-feira, 16 de junho de 2011

Interferência


Moravam todos na beira do mesmo lago.
Quando era frio, era frio para todo mundo e quando era calor, era calor para todo mundo.
Mas os patos ciscavam na beirada esquerda, justamente onde os sapos gostavam de se juntar para bater papo.
E não se entendiam. Todo dia a mesma discussão.
As libélulas gostavam de pousar e levantar vôo das plantas que ficavam na minúscula ilha, justamente onde os peixes mamães ensinavam seus peixes bebê a se defenderem, e eles sempre se assustavam com a movimentação aérea.
Mais discussão.
Quando as flores caiam na beira do gramado, parecia que estavam enfeitando aquele pedaço para uma festa.
Pequenos pássaros bebiam água por ali.
O esquilo se atrevia a chegar bem perto algumas vezes.
Um dia, um bicho desconhecido apareceu e com ele coisas assustadoras surgiram. Uma cerca, uma ponte, um banco em um gramado tão aparado que mais parecia artificial.
Ainda moravam todos na beira do mesmo lago, mas tinham tanto medo de tudo que já não brigavam pelas pequenas coisas que dava tanta graça à vida.

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