quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Doce de Abóbora

A avó fazia doce de abóbora com coco. Ela adorava.
Quando penteava seus cabelos repartia ao meio e ela ficava com uma cara gozada. Mas deixava assim mesmo.
A avó rezava o terço, ela fechava os olhos e ficava rolando as continhas entre os dedos, vez ou outra mexia os lábios, meneava de leve a cabeça.
A avó adorava tomar sopa, mesmo no verão. Ela deixava esfriar, tomava depressa para acabar logo e quando a avó ia dormir comia uns biscoitos na despensa.
A avó gostava de passar roupas. Ela aproveitava a quietude e lia poesias para a avó.
Viviam bem. Viviam juntas. Os únicos momentos de tensão, ansiados e postergados, eram os momentos em que experimentava perguntar sobre a mãe.
A avó enchia a boca de doce de abóbora e fazia sinal de que com a boca cheia não podia falar.
E a questão engordava a menina, que já não brincava na rua por não conseguir correr.

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