A avó fazia
doce de abóbora com coco. Ela adorava.
Quando
penteava seus cabelos repartia ao meio e ela ficava com uma cara gozada. Mas
deixava assim mesmo.
A avó rezava
o terço, ela fechava os olhos e ficava rolando as continhas entre os dedos, vez
ou outra mexia os lábios, meneava de leve a cabeça.
A avó
adorava tomar sopa, mesmo no verão. Ela deixava esfriar, tomava depressa para
acabar logo e quando a avó ia dormir comia uns biscoitos na despensa.
A avó
gostava de passar roupas. Ela aproveitava a quietude e lia poesias para a avó.
Viviam bem.
Viviam juntas. Os únicos momentos de tensão, ansiados e postergados, eram os
momentos em que experimentava perguntar sobre a mãe.
A avó enchia
a boca de doce de abóbora e fazia sinal de que com a boca cheia não podia
falar.
E a questão
engordava a menina, que já não brincava na rua por não conseguir correr.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.