Ele não gostava de festas e ficava amuado quando se sentia na obrigação de ir a uma delas.
Final de ano então, um horror.
O cabelo nunca estava em ordem.
Os poros da barba sempre inflamados em véspera de festa e, não raro, uma espinha ou outra resolvia aparecer.
A mãe sempre falava que era nervoso. Nervoso de ficar no meio de muitas outras pessoas.
Que não sabia para quem havia puxado tão tímido menino.
E ele não se atrevia a responder.
Não a uma mulher que não saía de casa a não ser para ir à missa e que nunca mais fora ao cinema desde que ficara viúva.
O fato é que não gostava de festas e no final do ano elas pipocavam.
Não festas que tivesse vontade de ir, onde encontraria amigos, não, dessas ele não sabia, não era convidado, não estava envolvido, não tinha amigos.
A não ser o Zé, igual aquela música que alguém escrevera inspirado nele, tamanha coincidência!
A roupa sempre parecia nova. E era mesmo, mas não era para parecer.
Não gostava de festas.
Naquela resolveu que não iria. Mas saiu arrumado, elegante, para orgulho da mãe.
Estacionou o carro em um canto escondido do shopping e sem olhar muito para os lados entrou no cinema na última sessão.
A chuva derrubava árvores e inundava rios lá fora.
A mãe protegida em casa, de olho na televisão.
Ele mergulhado na história do filme.
Levariam um tempo ainda até se reencontrarem e se abraçarem com alívio depois que a música de notícia extra estremeceu a sala...
O teto do clube onde a festa ocorria desabara e muitos feridos estavam sendo atendidos em vários hospitais da região.
O Rubens ia ter que contar para a mãe que não estava lá!
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