quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Os vira latas

Ouço no rádio a indignação de um rapaz que assistiu a um atropelamento de cão. Levou-o para uma clínica veterinária mas não foi atendido, mesmo muito machucado, porque era uma clínica particular. Recebeu orientação para encaminhamento a uma ONG ou a um pronto socorro veterinário da prefeitura.
Fiquei com vontade de chorar. Eu choro com histórias assim.
Lembro-me de uma vez em que fomos, Beto e eu, comer uma pizza em um domingo à noite no apartamento novo de um casal amigo recém casados.
Eu estava no início da minha primeira gravidez.
Em São Caetano do Sul, não sabíamos bem o caminho, demoramos um pouco pra chegar.
Ao descer do carro vi uma gatinha na sarjeta, deitada, quieta e eu disse:
- olha, ela está prenha! acho que vai ter os gatinhos!
E o Beto consternado:
- não Lu, ela está muito ferida, deve ter sido atropelada, por isso a barriga está assim, tão grande
Não pude subir, não pude comer. Interfonei e disse que precisava do endereço de uma clínica veterinária. Eles sabiam chegar a uma mas não explicar o caminho.
Desceram, pegaram o carro e o seguimos. Ajeitei a gatinha da melhor maneira que pude na carroceria da pick-up com um pedaço de cobertor velho (outra história de socorro a feridos) em uma caixa improvisada.
A tal clínica estava fechada.
Desculpei-me com nossos amigos e disse que precisava tentar fazer alguma coisa. Conhecia uma clínica 24 horas no Ibirapuera e zarpamos pra lá.
Chegou agonizando. Não dava pra fazer mais nada e ela morreu.
Os veterinários de plantão não cobraram pelo atendimento, mas paguei uma taxa para incineração.
Não sei quanto tempo ela ficou agonizando e se teria dado tempo de salvar se tudo tivesse feito imediatamente após o atropelamento, mas pelo menos, ela não morreu sozinha e pode ver em nossos olhos que estávamos ali e que ela era importante para nós.

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