quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Quando viu o mar

Quando chegou ao mar pela primeira vez era noite e não pode vê-lo.
Apenas ouvir. Um som que penetrava nos ossos que se arrepiavam de frio.
Um frio de maré. Um frio de vento que quer refrescar o calor do dia quente.
Um cheiro de sal que não se sabia sal.
Um ruído de folhas balançando de uma árvore escondendo seus frutos no escuro da noite.
Não era obrigação da lua iluminar as praias e o mar?
Não, a lua faz o que bem entende, não tem obrigação nenhuma.
O grosso da areia massageando os pés.
E aquele barulho cada vez mais íntimo de seus pensamentos.
Aquele barulho de mar que convida. De mar que duvida. De mar que envolve a água que mora em você.
É alegre sempre?
Não, que alegria sempre é desespero.
Cheira a sal sempre?
Não, que a chuva gosta de tingir as cores e confundir os cheiros.
Quando viu o mar pela primeira vez todos os sons da noite tinham sido engolidos por uma horda de gente em busca do sol com suas cadeiras e seus apetrechos, com seus mal jeitos e, foi então, que decidiu nunca mais voltar ao mar.

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