Saio apressada para o almoço. Frio em plena primavera. Tempos esquisitos.
O sol com cara de preguiça, sem vontade de esquentar me obriga a andar com mais vagar e observar.
Duas moças estão sentadas em uma muretinha baixa na beira da calçada.
Uniformes de quem limpa, serve café.
Uma delas usa uma melissa transparente.
As unhas dos pés bem pintadas de um roxo colorido, que ultrapassa o transparente do calçado.
Impossível não olhar.
E não lembrar que sou da geração das primeiras melissas.
Transparentes.
A minha substituiu minhas havaianas amarelas no verão que me deixava caminhar pela avenida paulista, um cinema e um sorvete.
Não tenho mais melissa.
Não compro mais melissa.
Não me ocorre transpirar o pé em uma sandália de plástico, mas tenho um carinho enorme pela lembrança que ela carrega de mim mesma e de minha juventude despreocupada.
Almocei.
Quando voltei a moça da melissa não estava mais e a companheira explicava no celular:
- meia noite do dia 11 não é mais dia 11 é dia 12, então...
Não pude ouvir o resto da conversa, mas devia ser deveras interessante!
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