Abasteceu a alma no supermercado.
Andava tão sem paciência.
Ouvia sem prestar atenção, fazia que sim com a cabeça sem saber se era mesmo sim que queria dizer.
Abasteceu o coração na banca de revistas.
Não queria mais protestar sobre nada nem assinar nenhum abaixo assinado.
Caminhava sempre pela mesma calçada, os mesmos buracos, as mesmas lixeiras fora de lugar e agora, agora umas bituqueiras.
Abasteceu o fígado no bar.
Vodca.
Andava tão sem amigos que a cerveja não fazia sentido.
Não queria mais enviar um e-mail, uma mensagem pela rede social, um sms marcando um almoço que nunca ia acontecer.
Abasteceu as mãos com um lápis e um poema, os pés com um cobertor quentinho, mas não pesado e resolveu tirar um sabático de si mesmo.
Abasteceu a alma de seu cansaço e agora espera reintegrar-se como uma lagarta que saindo do casulo se incorpora ao grupo de devoradoras de folhas.
Depois das férias.
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