sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Nome de rua

Sonhava ser nome de rua.
Sonhava com coisas tão bobas.
Ficava pensando que se salvasse alguém de um incêndio, um bebê, uma senhorinha, poderia ter sua foto no jornal e depois virar nome de rua.
Sonhava com isso.
E ficava pensando que coisas aquelas pessoas tinham feito para terem seus nomes nas placas da rua.
Um era médico que ele sabia.
O outro era fundador da cidade.
Um dos nomes mais esquisitos tinha sido um padre alemão que ensinava ler e escrever além de rezar.
Sonhava ser nome de rua.
Talvez se fizesse um grupo bem grande de amigos e depois se candidatasse a vereador, depois poderia ser nome de rua.
Confessava esse sonho a qualquer um que lhe desse atenção.
Normalmente a mãe.
A avó também, mas essa mal ouvia, nem devia entender o que era tudo aquilo.
Um dia teve um incêndio enorme na loja de tecidos na rua principal da cidade.
Estava do outro lado da calçada.
Não duvidou, entrou, ajudou as moças a saírem, voltou e salvou uma peça inteira de tecido desses que se usa para fazer vestido de noiva.
Ficou com o cabelo sapecado. Com o braço e as mão queimadas.
Esperou uma notícia no jornal. Nada.
Sonhava ser nome de rua, outro sonho não tinha.
Viver pelo simples pode ser mais doloroso do que viver pelo glorioso.
Quem define?

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