terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os mortos

Só estão mortos os que não viveram para amar.
Aqueles que foram surpreendidos pelo fim sem ter um bicho de estimação andando pela casa.
Só estão mortos aqueles que não se aventuraram a aprender a andar de bicicleta, de skate, de patins.
Aqueles que nunca tomaram chuva.
Aqueles que nunca tomaram um gole da cerveja ainda quente.
Só estão mortos aqueles que não roubaram um beijo, aqueles que não rabiscaram um poema mesmo que em pensamento, escondido no banheiro.
Só estão mortos aqueles que nunca passaram vergonha.
Aqueles que nunca parabenizaram pela gravidez uma mulher fora de forma.
Só estão mortos aqueles que nunca trocaram o nome de alguém.
Aqueles que nunca tiveram um desafeto.
Aqueles que nunca fizeram careta em frente ao espelho.
Só estão mortos aqueles que não olharam com carinho um avô, uma avó, mesmo que de um amigo.
Aqueles que nunca foram verdadeiros e esconderam momentos de raiva.
Momentos de raiva são vida da vida que não queremos ter.
É luta pura e só estão mortos aqueles que apenas sorriram, porque as lágrimas lavam a alma.
Só estão mortos aqueles que não deixaram uma história qualquer para contar.
Só estão mortos aqueles que passaram pela vida com indiferença.
Só estão mortos os que não viveram para amar.
Uma pessoa, uma árvore, um bicho.
Só estão mortos os que não deixaram raiz.

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