terça-feira, 29 de novembro de 2011

Véspera

s.f Dia imediatamente anterior àquele de que se trata. A tarde. S.f.pl. Dias que antecedem mais proximamente um fato ou acontecimento: às vesperas da independência, pressentia-se o desfecho iminente.
Religião católica: parte do ofício divino que se celebra à tarde, depois das nonas, hora canônica correspondente às duas ou três horas da tarde.

Mas não é isso o que importa.
O que importa é que uma véspera nunca é lembrada depois que passou.
Nenhum dia é tão intenso de expectativa e ansiedade como uma véspera e tão esquecido na memória futura que se vai construir.


Véspera de casamento.
Véspera de vestibular.
Véspera de um nascimento.
Véspera de Natal e Ano Novo talvez sejam as vésperas que se salvam nas recordações engavetadas porque por si só são os acontecimentos.
Fora isso...
Quem se lembra da véspera?
Se o dia imediatamente posterior é o grande astro do acontecimento.
Véspera do primeiro dia de aula.
Véspera da primeira viagem de avião.
Véspera da primeira estréia.

As vésperas se reúnem em uma daquelas gavetinhas que temos na memória, tantas vezes descritas.
Mas são silenciosas. Não falam nem entre si.
Véspera de coisa boa, véspera de coisa ruim, irmanadas em sua natureza de véspera.

Todo hoje é véspera de amanhã, alguém poderá pensar.
Mas nenhum dia pode se vestir de véspera se o coração não estiver acelerado, enorme, se as mãos não estiverem agitadas, os pezinhos balançando.
Não, as vésperas não vivem de filosofia, elas vivem de ansiedade e quase sempre de alegria.

Eu sou véspera de mim, ansiosa e confinada, alegre e depois resguardada, dia sim, dia não, até a véspera do fim.

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