quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Límpido

Apenas sorriu.
Tinha os olhos claros como águas límpidas.
O rosto pálido que conseguia um tom rubro quando envergonhada.
O lábio fino como não gostava.
Apenas sorriu.
Recolheu as mão magras de dedos longos no colo aquecido.
Não sabia muito bem como se comportar.
Nunca soubera, tímida que era.
As meninas não gostavam dela.
O caderno era organizado, mas não enfeitado.
Os trabalhos eram corretos, nunca exagerados.
Os lápis sempre muito bem apontados.
O discurso era na medida exata para não ser de menos para o professor nem demais para os colegas.
Apenas sorriu.
Depois arriscou esticar o pé porque já estava há muito com ele na mesma posição.
A canela fina e branca espiou por baixo da barra da calça.
Sem nenhuma perspectiva de sair do lugar.
Tinha os olhos claros.
Tinha medo da mãe mais do que do pai.
Ela chegaria a qualquer momento. O pai não mais.
A diretora iria fazer cara de espanto ao explicar.
A mãe cara de ódio para encarar.
Apenas sorriu.
Nem mesmo ela sabia o quão má podia ser. E de repente era assim.
A escuridão também pode ser límpida?
Podia ser um tema para a próxima redação.

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