Os bichos das ruas e das casas que ficam abertas para as calçadas são uns bichos dos quais não posso esquecer.
O gato branco na calçada, olhos tão verdes e cristalinos que cor como aquela não há de ter em nenhum pantone.
Cara de bravo, mas um encontro de olhar e lá vem ele, naquele rebolado, ronronado de quem sabe que vai ganhar carinho.
E depois da cabeça, pernas para o ar para ganhar um chamego na barriga.
Pelos duros de quem anda despreocupado pela vida, espreitando pombas e passantes.
As pombas...
Que despertam ânimos de extermínio nos mais exaltados. Nos que tem medo dos piolhos. Dos que não gostam do arrulhar, dos passinhos apressados buscando farelinhos.
E me encantam.
E me encantam as corujinhas que me ignoraram no estacionamento do supermercado.
Sábado quente, noitinha cheia de aleluias na luz do poste que caindo indefesas, nada mais do que refeição para as corujinhas.
Foto. E enquanto me aproximo para caprichar, a mulher ralha com a filha:
- credo, não olha, dá azar!
Os bichos que não posso cuidar.
Os bichos que cuidam de mim porque basta olhar para mudar o humor.
As andorinhas que nem se vê mais por aí.
O cachorrinho preto, que sim, tem casa, mas hoje de manhã, com o portão fechado, esperava resignado na calçada, já todo molhado da chuva.
E os bravos.
E os machucados.
E os perdidos.
Os bichos para mim são almas circulando por aí. Não me dizem muito bem a que vem, mas uma razão, e muito boa ah tem, oh se tem!
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