Sigo as linhas das palmas das minhas mãos.
Não me dizem nada. De onde vem, para onde vão.
Não começam, aparecem.
Não terminam, são interrompidas.
Cruzam-se desordenadamente. Sobrepõem-se inusitadamente.
A cigana espanhola olhou para elas espantada e não quis me dizer nada.
Porque não paguei. Só por isso.
Andavam com rosas nas mãos queimadas de sol e agarrando as nossas com sofreguidão.
Cariño...
Gostava de ouvir. Mas não de acreditar.
Gostava de traçar as rotas eu mesma, como o moderno sistema touch... puxar para cá, ajustar para lá.
São profundas, rascunhadas, com serifas, se é que se pode assim descrever traços incertos.
Vento no deserto que desenha linhas finas na areia.
Que mudam de lugar, que mudam com o vento, que redesenham o caminho.
Um caminho que nunca leva a lugar nenhum.
Procuro um camelo entre as linhas traçadas do meu deserto.
Água fresca. Um lugar de chegada.
O que há no final do arco-íris eu já sei.
Não me interessa. Um tesouro de ouro que não paga nada daquilo que quero.
Quero chegar ao final das mal traçadas linhas da palma da minha mão.
Ora direita, ora esquerda, mas mãos minhas, que seguram minha cabeça com carinho em momentos de aflição.
Sigo as linhas das palmas das minhas mãos.
Quem quiser me seguir, trilhas por descobrir.
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