quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Anhanguera

Anhanguera, apelido de Bartolomeu Bueno da Silva, bandeirante que ameaçou os índios dizendo que iria colocar fogo na água deles se não lhe entregassem o ouro que tinham.
Anhanguera, espírito maligno, diabo velho.
A Rodovia se recente desse nome. Corre quase paralela à Rodovia dos Bandeirantes. Esse nome sim, justa homenagem.
E ela sabe também que não é a minha preferida, que quando por ali estou é porque a Bandeirantes sofreu algum contratempo, obras ou acidentes que retardam a viagem.
E me olha de lado, estreita as pistas, faz brotar caminhões e ônibus e carros mais acelerados do que indicam as placas.
E se curva, sinuosidades sem sensualidade, assustadoras.
E enquanto me assusta, me afronta, exibindo suas margens verdejantes de uma beleza que não posso admirar.
Atenção redobrada que tensiona as mãos. 
Anhanguera.
Ela se recente do apelido e atropela os incautos.
Abre uma faixa extra como quem vai receber bem e de repente se dobra em curva e se recolhe em sua estreiteza.
Escancara sua mágoa.
Separa ir e vir em muro duro, baixo, carrancudo.
A Anhanguera tem mágoas que não posso descrever.
Acumula histórias que não sei narrar.
Vou insistir na conquista.
Vou desacelerar.
Vou olhar os morros.
Vou encontrar uma árvore magnífica para fotografar.
Como bandeirante vou desbravar sem pedir nada em troca, a não ser, que me deixe passar!
Carregamos nossos nomes, ela precisa aprender que isso não pode nos martirizar.

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