sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Uma poesia

E então choveu
Como há muito vinha chovendo
E caminhei na beira dos muros
Tentando me proteger
Não dos pingos grossos
De mim mesma
Do medo de chegar
Do medo de secar os pés
Do medo de estacionar
E então o sol apareceu
Como se o verão nunca mais fosse acabar
E eu me esgueirei pelas sombras
Não das árvores  
Das marquises
E do meu medo de me confrontar
Vou deixar para pensar depois
E então respirei
Aliviada como quem descobre que pode sorrir
A natureza que brota em mim é selvagem
Como a samambaia que brota na madeira
Abandonada no quintal
Ela fere sem se importar
E então anoiteceu
Mas não anoitece para sempre
E não improvisei nenhuma luz
Vou apenas esperar

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