quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Mandriar

Não tenho mais moeda de troca com o tempo
Ele tolera minhas preguiças, ele me espreita na esquina
E não se importa com meu passo mais lento
Porque não tenho mais moeda de troca não consigo
Ensaiar uma coreografia de madrugada, em um
Teatro emprestado, e no dia seguinte seguir sorridente
Hoje coreografo apenas palavras
Procuro par para cada uma delas
Não gosto de palavras vazias
Não gosto de palavras sozinhas
Nem daquelas que se valem das reticências porque não tem coragem de abrir caminho para a companheira que diria toda a verdade
As palavras doem
Não posso mais mandriar porque não tenho mais moeda de troca
Não tenho mais dezesseis anos e talvez por isso as palavras me
Respeitem mais, me acompanhem com menor pudor
Mas não valem nada para o tempo
Ele é zombeteiro, tolerante apenas porque sabe que vai ganhar

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