Ouvi histórias do Japão que narram que os velhos são destacados para ensinar os jovens.
Informalmente, se é que eles entendem esse conceito, já que minha percepção pré conceituosa me faz vê-los sempre tão formais.
Em círculos contam histórias do passado, de quando eram crianças, de como eram as plantações, de como era a comida e o trabalho.
História de vida, nada de histórias documentadas.
Sem pompa, mas na circunstância ideal.
E ouvindo essas histórias fiquei pensando nas minhas e para quem, além das minhas pequenas, eu poderei contá-las.
Em escolas públicas, em bibliotecas, em creches, em restaurantes onde há um espacinho para a criançada, em livrarias, preciso pensar, mas preciso contar que fiz curso de datilografia e o que isso é, ou foi.
Que um dos objetos de desejo que comprei foi uma máquina portátil de escrever e que o up grade seria uma máquina elétrica e que isso nunca chegou a acontecer.
Que quando fui morar em Recife falava com meu pai pelo telex, e o que isso é ou foi.
Que o fax foi um espanto.
Que tive telefones fixos alugados quando me mudei para São Paulo porque as linhas eram caras e havia longa espera para a compra de uma delas. E no interior ter telefone dava status!
Que usei mimeógrafo.
Que usei transparências. Não nas roupas, nas apresentações.
Papel carbono.
Com papel carbono eu podia escrever uma poesia já duplicada.
Rasgada e amassada perdida para sempre, arquivo irrecuperável.
A quem minhas histórias hão de interessar?
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