sexta-feira, 8 de abril de 2011

Insanidade

Já tinha acabado o tempo da chupeta e do paninho.
Já tinha acabado o tempo da papinha, das frutas raspadinhas.
Os primeiros passos trôpegos já haviam sido superados.
As primeiras palavras erradas já eram parte da história dos almoços de domingo.

O primeiro dia de aula também não assustava mais.
Andar de bicicleta? Uma moleza.
Bonecas pintadas e sem cabelos, já devidamente encaixotadas, doadas, esquecidas.
Alguns carrinhos preservados para uma possível coleção.

Ia começar o tempo do batom.
Da paquera. Da festinha.
Da primeira barba. Da baladinha.
Ia começar o passeio ao cinema com as amigas.
Os possíveis diários ficaram cheios de páginas em branco, para sempre.

Não mais copa do mundo, olimpíadas, não faz mais sentido a visita de Obama, o trem bala.

Acabou o tempo das balas coloridas que depois que entram em nossas vidas não saem nunca mais, mesmo quando estamos de regime.
Acabou.
As balas duras, frias, mortais, acabaram com tudo isso para dez meninas e dois meninos.
Quem pode ser consolado dessa insanidade?

Um comentário:

  1. E os animais é que ficam enjaulados em zoológicos, muitas vezes dopados, porque são perigosos e selvagens. Entretanto, as bestas-feras humanas continuam soltas, ceifando vidas, ainda mal vividas, e num ato de covardia, se matam. Insanidade... com certeza. Mas também falta de amor e respeito. Como diz a bíblia, "amai ao próximo como a si mesmo". Nesse caso, nem um e nem outro.

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