quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tarde para uma tarde

Ficava olhando para o pedaço de papel em cima da mesa e depois deles buscava os lápis que descansavam na tarde morna, tão organizados no porta-lápis preto.
Sentia que as palavras rondavam sua cabeça.
O silêncio acariciava a mão, tudo era um convite para escrever um poema.
Estava com medo dos poemas.
Eles andavam carregados de mágoa.
As palavras que se juntavam nada mais faziam que desnudá-la.
Deixar aparentes todas as dores, toda a decepção, toda a espera sem sins nem nãos.
Estava com medo das palavras.
Indomáveis.
Inquestionáveis quando se arranjavam em frases que poderiam até parecer desconexas, mas que revelavam toda a conexão de uma vida quase sem alegria.
Ficava olhando o pedaço de papel. São arrogantes os papéis quando desafiam.
A janela fechada. O vidro tão limpo. A mesa tão grande para tão pequena figura.
O azul fechado da tarde quieta.
Rabiscou um poema, mas não sabe por onde ele anda.
Talvez tenha seguido um rumo diferente, talvez esteja feliz!

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