Chamava-se O Pombo Enigmático e contava que um pombo ia se casar com uma pombinha.
Ela estava nervosa e andava de um lado para o outro porque o noivo estava atrasado.
Impaciente, chorosa, ela já estava indo embora quando ele chegou, caminhando suavemente e quando ela lhe indagou o porquê do atraso ele simplesmente respondeu:
- a tarde estava tão linda que eu resolvi vir caminhando...
E era isso. O enigma era a escolha que ele havia feito, não havia a palavra enigmático no meio da história e nem era preciso.
Nunca mais perdi de vista essa palavra.
Sempre fui solidária com a escolha do pombo enquanto todos achavam um absurdo.
Recolhi meus comentários, olhando pela janela alta, aquele retângulo de céu azul, fiquei ausente da discussão acalorada de meninos e meninas em um embate que não era a questão central.
A tarde, para mim, é sempre tão linda, tão azul, que continuo caminhando e não sei bem se um dia cheguarei.
* O Pombo Enigmático é um conto de Paulo Mendes Campos
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