perdida no meio de gente que anda apressada
apreensiva com o vai e vem
senhoras em agasalhos esportivos
para quem a aposentadoria já chegou
mas e os sonhos? se realizaram?
algumas de cabeça baixa, um filho que se foi?
uma conta pra pagar?
grupos de pessoas que saem dos escritórios para almoçar
lagartos procurando o sol
ruas transformadas em calçadas, confusões de carros e
saltos que evitam os buracos
gosto de andar entre essa gente que vai perdendo palavras pelo caminho
vou recolhendo
palavras duras
palavras sussurradas
palavras que sem o contexto pedem uma poesia
uma esmola
um aconchego
palavras que ficam perdidas no ar
eu recolho palavras
tenho um monte delas
fico aflita quando perco uma
ou quando percebo que ela está machucada... o selviço acaba hoje
dói em mim
e a repito baixinho, mais de uma vez, com bastante carinho, até que recuperada eu a deixo livre
gosto de andar em silêncio entre a multidão
abarrotada de versos que um dia vou compor
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