sexta-feira, 25 de junho de 2010

Indiferença

Todos os assuntos foram se acumulando na mesa empoeirada.
Todos os cafés foram tomados, alguns mais quentes, outros mais amargos.
Todos os cigarros foram fumados, alguns até queimar os dedos, outros pela metade.
Todos os telefonemas foram registrados em recados eletrônicos nunca ouvidos.
Todas as queixas foram anotadas.
Todos os sonhos foram se empilhando na cadeira de palha.
Ia sair mas começou a chover. Olhou a rua mal iluminada pelo poste solitário, as gotas tentando limpar o vidro empoeirado da janela.
Escolheu um sonho e se agarrou a ele.
Riscou a primeira queixa que tentou interferir.
Ouviu o último recado deixado e ponderou.
Limpou o cinzeiro e resolveu que não ia descer para comprar outro maço.
Trocou o café pela água com gás que estava esquecida na geladeira.
Um assunto de cada vez.
Ia apenas ver um programa qualquer na TV.
Na manhã seguinte, esvaziar a mesa, ler todos os recados e recomeçar.
Se alguém tivesse se lembrado de agradecer ou parabenizar tudo teria sido diferente.

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