Precisava começar o dia fazendo tudo o que tinha deixado para trás.
Mas não sabia por onde.
No quarto o armário precisava de uma limpeza. Mas não era por aí. Isso era coisa de final de semana.
No banheiro o armarinho certamente teria produtos com validade vencida, mas também era coisa de final de semana.
Talvez ligar para aquela pessoa com quem se desentendeu e explicar suas razões.
Não. Isso era perda de tempo porque as razões estavam claras, ela apenas não queria entender.
Bom, pelo jeito a lista deveria separar coisas operacionais, racionais e emocionais.
Depois dentro de cada uma delas, ordem de prioridade.
Com a lista pronta iria fazendo e riscando para sentir aquela sensação boa de dever cumprido.
O telefone tocou. Uma conta que não pagou.
A calça que escolheu, sem o zíper – ficou no armário e esqueceu-se de levar para o conserto.
Carro abastecido. Até que enfim uma coisa em seu lugar.
Precisava começar o dia fazendo tudo o que tinha deixado para trás.
Por quê?
Precisava mesmo entender o conceito do agora.
Agora ia apenas dirigir e ouvir música.
Descansar a mente de todas as obrigações que se acumulam e transformam a cara risonha em cara enrugada.
Ele era um cara legal.
Meio brigado com o pai, mas um cara legal.
A irmã andava meio cismada com ele porque discutira com o cunhado por conta de futebol, mas ele era um cara legal.
A namorada desistiu de esperar para ser a esposa.
Mas ele era um cara legal.
Ele apenas precisava começar o dia fazendo coisas. Mesmo que fosse uma lista.
Mas já, antes mesmo do café? Quem sabe amanhã.
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