Recentemente andei de metro.
E narrei toda a epopéia. Divertido.
Mas ônibus é outra coisa.
E não cabe aqui nenhuma avaliação política de nossa situação de transporte público, eu poderia falar sobre isso, mas tenho preguiça.
Tenho preguiça, mas lamento a sorte de quem não pode se divertir com histórias que acontecem nos ônibus porque elas acontecem todos os dias e é uma dura rotina.
Uma me conta que quase caiu, bateu a perna no braço do banco e a bolsa na cabeça de um coitado.
A outra que não tinha dinheiro para pagar a passagem e foi salva pela boa alma sentada a seu lado.
A terceira, mais exagerada, além de cair mais de uma vez, chegou a desmaiar!
Penso que não ando de ônibus desde que entrávamos pela porta de trás e descíamos pela porta da frente.
Agora é o contrário. Faz tanto tempo que a mais nova diz não se lembrar.
É para rir, não para fazer contas.
E então me lembro das minhas histórias de ônibus. Não de todas, mas as mais emblemáticas servem para alegrar um almoço.
Linha Sacomã-Paulista. Estou sentada na janela, ao lado de um rapaz, nenhum lugar vago.
Entra outro rapaz, não muito mais velho do que está sentado ao meu lado, mas com o braço direito engessado. Daquele gesso que deixa só as pontas dos dedos espiarem e que machuca embaixo do braço de gesso tão engessado que é.
Esperei um pouco, como ninguém se mexeu, cedi meu lugar a ele.
Quando desceu, um ponto antes de mim, ele agradeceu mais uma vez pelo lugar e deu com o cotovelo engessado na cabeça do rapaz dizendo que ele era mal educado e deixara uma mulher em pé!
Pois é. Ninguém falou nada. Cada um seguiu o seu caminho. Nunca mais encontrei nem um, nem outro, apesar de fazer sempre o mesmo trajeto, no mesmo horário.
É só uma história que tenho pra contar, do tempo em que usava cabelos longos e enrolados, uma bolsa com tudo o que eu tinha e um futuro que teimava em não chegar.
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