Amanheceu atrás da montanha.
O céu ganhou um colorido incrível.
Ele só viu porque não dormira a noite, preocupado com tanta preocupação!
Repetiu o pleonasmo e divertiu-se com ele. Preocupado com tanta preocupação!
Sempre.
Não adiantava esperar tempos tranquilos, não viriam. Já estava cansado de acreditar.
Olhou de novo para a montanha.
Ela não era dele. Não era de ninguém.
Simplesmente existia ali, perto dos olhos e longe dos pés.
Quando escolheu aquela casa a montanha fora fundamental para a negociação.
Ela nunca sairia dali e ele estaria seguro sabendo que pelo menos alguma coisa na sua vida seria pra sempre.
O sol também não era de ninguém.
Nascia, morria, sem se importar se todos os compromissos couberam entre um intervalo e outro.
Escrevera uma vez em uma redação na escola que achava o sol arrogante e ninguém concordou com ele. Mas jamais mudara de opinião. Ele brilha mesmo sem aparecer. Ele decide. Ele faz as regras.
A lua até se atreve a aparecer em dias claros de sol, meio pálida, meio tímida, mas não lhe faz frente porque ele a ignora completamente.
Queria dormir. Precisava descansar para o dia longo, mas já amanhecera, o céu tão lindo, a montanha tão fresca que resolveu não pensar em mais nada.
Tomou um café quente e preparou mentalmente nos mínimos detalhes o discurso de despedida que faria. Na sua vida nada era para sempre, a não ser aquela montanha.
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