De seu só tinha o gato para acariciar.
Que também lhe esquentava os pés nas noites frias de televisão ligada na novela.
Nessas noites gostava de um café quente tomado em caneca.
Com pipoca feita na panela.
Boca cheia de pipoca e grandes goles de café.
O pé chegava adormecer do peso do gato e mal podia se mexer.
Tudo o que precisava se acumulava ao redor para não perturbar o sono do bichano.
O controle remoto, uma almofada, o telefone sem fio, uma revista para xeretar se o comercial fosse muito chato.
A mesinha com a bacia de pipoca, um suporte para a caneca de café.
Um bloco e uma caneta caso alguém telefonasse e fosse preciso anotar alguma coisa.
O que, por exemplo? Nunca acontecera. Mas por garantia, deixava ali, não incomodava, não atrapalhava a não ser na hora de tirar o pó.
De seu só tinha o gato para acariciar.
E admirar. Encher os olhos com os trejeitos na hora de andar.
Com o espreguiçar manhoso.
Com o acalanto do ronronado.
Com patas de unhas recolhidas lhe afofando a barriga para ajeitar o lugar de dormir.
Não fazia concessões. Só para o gato.
Ele podia tudo. Dormir no sofá, se enrolar no cobertor. Escolher a melhor cadeira da casa, ocupar a faixa de sol.
Se de seu só tinha o gato, não tinha mais nada para questionar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.