Algumas palavras pontuam nossa vida. Umas como se fossem uma exclamação, outras como ponto final e algumas como reticências.
Quando eu tinha uns 6 anos eu achava que amante era a palavra que definia a mulher que namorava um homem casado. E só.
E me escandalizava sozinha, olhos arregalados em uma cara sardenta com a música do Roberto Carlos que cantava na maior falta de respeito amada amante... E minha irmã cantava junto com o rádio, com a voz cheia de emoção e minha mãe, tão severa com nossa educação, não falava nada! Na minha cabeça era um escândalo e o mundo estava mesmo perdido.
Outra palavra que carrego vergonhosamente comigo é estômbago.
Percebi que todo mundo achava graça das crianças que falavam errado. Eram risinhos, mão na cabeça, apertão nas bochechas e para mim nada.
Arquitetei por um tempo e encenei: mãe, tô com uma dor de estômbago! E já me preparei para as gracinhas, mão na cabeça e que tais. Mas o que ganhei foram umas mãos na cintura, uns olhos verdes tentando fingir indiferença me indagando:
- e essa agora? desde quando não sabe falar estômago? não sabe que a sua graça é falar tudo direitinho?
Estava tudo acabado, para não se prontificar a me dar um remedinho...
E, finalmente, ribanceira.
Quando eu tinha 17 anos elegi essa palavra como sendo a mais bonita que eu conhecia, a que eu mais gostava.
Ensaiei inúmeras vezes, em frente ao espelho, a resposta do porquê caso em uma entrevista me fizessem essa pergunta.
Eu pensava que o estrelato viria rápido. Já não me lembro qual era a resposta, mas ainda acho linda, sonora, poética, e quem sabe que segredos estão lá embaixo?
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