sexta-feira, 27 de março de 2009

Toledo

Eu fui a Toledo. A Toledo de Espanha. A Toledo de Castilla-La Mancha.
Caminhei pelas ruelas. Tirei muitas fotografias. Comi. Comprei presentinhos.
Respirei o ar quente de um verão europeu inesquecível.

E, assim como eu, muitos.

Mas eu também fui a Toledo. A Toledo do Brasil. A Toledo do interior de São Paulo.
Não Pedro de Toledo, não a Toledo do Paraná.
Não, a minha Toledo fica escondidinha ali perto de Tupã.
Eu acompanhava minha avó Amélia.
Visitávamos várias casas, de vários parantes de minha avó e meus, claro.
Não podíamos rejeitar a mesa posta para um café ou um chá.
Mas não podíamos nos fartar em uma das casas porque o ritual se repetia em muitas delas!

Eram conversas que eu não compreendia, mas me deliciava com os personagens.
Foi lá que senti o cheiro de um gambá.
Que tive medo de uma moita de bambu porque fiquei zanzando até o escurecer.

Lá eu não tirei fotos.
Mas todas as imagens estão gravadas em mim em alto relevo e me revelam um mundo que já se foi.

Tia Olinda é a representante desse pedaço da minha história.
Muito alta, muito magra, muito italiana.

Quando era ela quem nos visitava, raramente, em Tupã, despedia-se com uma frase magistral:

- vem lá de nóis passar uns dias!

Tão sincero convite ainda perturba minha mãe, que sabe imitar com perfeição o som agudo — quase um falsete — e os trejeitos de Tia Olinda. Minha mãe se sente culpada de nos fazer rir tanto a custa de pessoa tão doce e que já se foi.

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