Eu fui a Toledo. A Toledo de Espanha. A Toledo de Castilla-La Mancha.
Caminhei pelas ruelas. Tirei muitas fotografias. Comi. Comprei presentinhos.
Respirei o ar quente de um verão europeu inesquecível.
E, assim como eu, muitos.
Mas eu também fui a Toledo. A Toledo do Brasil. A Toledo do interior de São Paulo.
Não Pedro de Toledo, não a Toledo do Paraná.
Não, a minha Toledo fica escondidinha ali perto de Tupã.
Eu acompanhava minha avó Amélia.
Visitávamos várias casas, de vários parantes de minha avó e meus, claro.
Não podíamos rejeitar a mesa posta para um café ou um chá.
Mas não podíamos nos fartar em uma das casas porque o ritual se repetia em muitas delas!
Eram conversas que eu não compreendia, mas me deliciava com os personagens.
Foi lá que senti o cheiro de um gambá.
Que tive medo de uma moita de bambu porque fiquei zanzando até o escurecer.
Lá eu não tirei fotos.
Mas todas as imagens estão gravadas em mim em alto relevo e me revelam um mundo que já se foi.
Tia Olinda é a representante desse pedaço da minha história.
Muito alta, muito magra, muito italiana.
Quando era ela quem nos visitava, raramente, em Tupã, despedia-se com uma frase magistral:
- vem lá de nóis passar uns dias!
Tão sincero convite ainda perturba minha mãe, que sabe imitar com perfeição o som agudo — quase um falsete — e os trejeitos de Tia Olinda. Minha mãe se sente culpada de nos fazer rir tanto a custa de pessoa tão doce e que já se foi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.