Esse risco no céu, branco, quase traçado com uma régua, é um vôo que desconheço.
Mas que habita meu imaginário desde criança.
Deitar no quintal, na sombra de uma árvore qualquer e esperar que rasgue o céu.
Não deito mais.
Mas quando sou ágil o suficiente, antes de pregar os olhos até que desapareça, fotografo. Sem técnica, sem recurso, a mais amadora das fotos em todos os sentidos.
E quem vai lá?
Quem pilota e o que conversa com o amigo (será amigo?) que está ao lado?
Quantas aeromoças, caras amarradas em final de vôo ou sorriso ensaiado do início?
De onde vem e pra onde vai? Há um verso de uma música que diz que de onde vem não importa pois já passou.
Quem vai lá? Homens e mulheres, crianças, jovens e idosos?
Nunca saberei. Por isso posso desenhar o meu traço.
Trabalho? Lazer? Primeiro vôo? Último? Despediu-se de alguém para nunca mais? Alguém espera para, finalmente, serem felizes para sempre?
Que rota é essa que me surpreende quando não espero e quando espero não aparece?
Um risco branco no céu é sempre um risco branco refletido em meus olhos.
Eu nunca quis ser piloto, aeromoça, astronauta, nada disso.
Eu sempre quis apenas descobrir quem vai lá!
E talvez escrever suas histórias.
Eu adoro imaginar onde que vao cada um desses risquinhos e pensar que eu poderia ir dentro... até que tenho de pegar um vôo e fico passando mal as 12 horas que dura o percurso, xingo a aeromoça mentalmente e me prometo a mim mesma que da próxima vez vou de barco rsrs
ResponderExcluirE quando são 2 riscos cruzando o céu? A curiosidade dobra! Olha nas fotos do meu Facebook...e segue a recomendação: O romence morreu do Rubem Fonseca. Bjo
ResponderExcluir