Não me lembro de todas as minhas traquinagens.
Algumas são históricas e podem ser contadas, outras não me arrisco a compartilhar e de algumas eu realmente não me lembro.
Mas, para essas, eu sempre tenho ajuda e na maioria das vezes, a própria vítima me conta sem acreditar que dela me esqueci.
Diz minha irmã caçula que quando eu saia para a escola e ela ficava porque os horários eram diferentes eu lhe dizia ao pé do ouvido.
- Você sabe que sou especial não é?
Ela concordava.
- E sou tão, mas tão especial que posso tocar o céu. Você quer ver?
Balançava a cabeça que sim. Misto de desinteresse e ânsia de se ver livre de mim.
- Então fique olhando.
Eu caminhava e em distância calculada erguia o braço e o dedo e, óbvio (agora!), que pela ilusão de ótica ela realmente me via tocar o céu.
Não sei que expressão fazia, mas devia ser um "ai que saco" naquela cara linda que Deus lhe deu.
E não parava por aí.
Ao voltar eu retomava o assunto e ainda completava:
- Mas o pai e a mãe não querem que ninguém saiba porque senão vou aparecer na televisão, falar no rádio, sair no jornal e não terei mais sossego, então, você não pode contar para ninguém! Nem mesmo pra eles, porque eu saberei. Eu sei tudo o que acontece!
Apesar de caçula cheia de dengos ela só quebrou o silêncio e revelou o segredo agora, há um ano, passado mais de trinta anos e para mim mesma, rindo muito.
Seria um riso nervoso?
Revelou na roda de família, bem protegida, caso eu ainda tivesse todo aquele poder.
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