terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Habitantes da Marginal

Seguiam ou quase, na marginal empoeirada, oito e meia da manhã, um calor insinuante, um trânsito que já virou tese para entendimento da modernidade das metrópoles.
E seguiam felizes em seu carro de ano desconhecido, de um vermelho bonito mas completamente empoeirado.
Janelas abertas denunciando a falta de ar condicionado e duas crianças empoleiradas no banco de trás.
Seguiam rindo, um riso solto, feliz, um casal marrom, de cabelo ruim, de dentes brancos, de coração aberto.
Pais de crianças que espiavam alegres o desfile dos carros pretos e pratas, não fabricam de outra cor? Com seus vidros fechados, cerrados, escuros para proteção não do sol nem de olhares, mas de ladrões. Ladrões?
Um desfile de carros importados, motores potentes, onde mal e mal se vê o motorista solitário pelo retrovisor.
Quando acompanhados, são mulheres de cara amarrada que dão os últimos retoques na maquiagem, quase de costas para o condutor.
Nenhum sorriso. Nenhum aceno. Nenhuma seta. Soberanos em suas contas bancárias.
E, no final do dia, eu queria mesmo era um churrasco e uma cerveja gelada com o casal que lá ía, ou quase, ora porque o trânsito não andava, ora porque o carro velho engasgava, mas felizes, com seus carnês das Casas Bahia!

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