quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Meu pé de laranja lima

Não, eu não tenho um pé de laranja lima no vaso, no quintal.
Falo do livro, meu pé de laranja lima.
Quando eu era criança eu lia tudo o que me caia nas mãos. Um dos primeiros contos que li, quando tinha por volta de 7 anos, foi O homem nu, de Fernando Sabino, que estava no livro de português que uma de minhas irmãs usava na escola.
Depois fui ganhando livros mais adequados para minha idade.
Mas nunca deixei de ler folhetos, almanaques de farmácia.
Um dos títulos que me fascinaram porque era realmente um romance foi Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos. Ele me fazia parecer adulta!
Meus livros são preciosos. Gosto de tê-los perto de mim, arquivar, reler, folhear, tirar o pó, alterar a ordem: ora por tema, ora por autor, ora por estilo. É um prazer estar ali rodeada por eles. Por isso as notícias sobre os ebooks me apavoram, mas deixemos isso pra lá.
O fato é que por muitos anos o Meu pé de laranja lima de capa vermelha viveu comigo. Em Tupã, em Presidente Prudente, em São Paulo, em Recife, até que um dia...
Um dia em um conversa na casa de amigos a irmã de um deles comentou que o filho precisava ler para a escola Meu pé de laranja lima e ela não conseguia encontrar para comprar. Os da biblioteca estavam todos emprestados. Internet não existia.
Meu amigo tagarela logo lhe disse que eu tinha um. Meu estômago até doeu. Eu previa o pior.
Fiquei constrangida, não pude negar, afinal, como grande incentivadora da leitura, como poderia?
Emprestei. Emprestei e nunca mais o vi. Meu tesouro de capa vermelha talvez nem exista mais.
Talvez perdido em um sebo qualquer. Por mais que eu insistisse na devolução e fizesse comentários, nunca mais o vi.
Levou tempo demais para ler, depois ficamos um tempo sem nos encontrarmos, depois se mudaram de casa e por fim, aceitei o inevitável.
Tempos depois eu comprei outro, minha filha já leu, mas não é a mesma coisa para mim.
Todos os meus livros tem no mínimo duas histórias, e uma delas, tão importante quanto qualquer conteúdo, é a história de como eles vieram até mim.
Tenho outro livro perdido, de Ana Miranda, há exatos dez anos eu o emprestei e não o recebi de volta. Recentemente voltei a ter contato com a destinatária, mas nossa intimidade ainda não foi restabelecida a ponto de comentar o tema.
Pensando bem nem vou. Vou comprar outro. Amanhã mesmo, assim ficarei em paz com essa lacuna em minha vida, quero dizer, em minhas estantes.

Um comentário:

  1. Me sinto da mesma forma com meus livros. Engraçado como é difícil para as outras pessoas compreenderem isso. Ainda tenho o Laranja Lima de Capa vermelha. Uma raridade por sinal. Bem velho, se desmontando e com algumas páginas soltas. Meu arrependimento foi ter vendido o Harry Potter do 1 ao 4 por R$15,00 cada quando tinha 15 anos. Sinto falta deles até hoje mas quem sabe um dia eu compre eles de volta em algum sebo. (Sim prefiro os usados) Abraço!

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