Era só o inverno chegar, o vento soprar e a chuvinha fina e gelada cair que sentia necessidade de olhar as fotos.
Uma por uma, devagar.
Às vezes separava por personagem. Em outras por data, em outras por estar ou não nas fotos.
E as imagens ajudavam a acalmar o coração, mas sempre molhavam os olhos.
Toda uma história transformada em pedaços de papel.
Uma caixa tão cuidadosamente decorada para guardar essa história.
Não gostava de ser vista nessa atividade.
Era como tomar banho com a porta aberta ou no meio de todo mundo.
Cabelos ao vento, crianças em maios coloridos.
Fotos 3x4 de gente fazendo cara de obrigação.
Roupas de festa. Churrascos. Gatos e cães que passaram pela casa.
A impressão que tinha é que o inverno chegava cada vez mais rápido, que o vento a chamava mesmo quando não era inverno e que a chuva lhe dizia coisas ao pé do ouvido.
Apertou uma ou outra imagem no peito.
Guardou tudo, fechou a caixa.
Abriu um pouco mais a janela, respirou fundo e não quis pensar no destino daquele tesouro quando não mais estivesse ali para cuidar.
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