sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Um Tonico como tantos

- Tunico, o armoço tá pronto
- Já to ino
- Oce num trocô a lâmpada da cozinha ainda, de noite não vai te janta, porque eu não vo mais cuzinhá no escuro
- dispois do armoço eu troco
- ara si troca, ocê dorme dispois do armoço
- mais eu acordo num acordo? a hora que eu acorda ocê me alembra de novo
- vamu vê
- ô Tunico, eu to pricisando compra um sapato pro Craudio, eu fiquei com pena dele quando vi junto cus colega, tudo bem arrumadinho, ele tava bem arrumadinho, mais o sapato dele dá de dá pena, já é ganhado do fio da dona Judite
- é, coitado, num dá mesmo, no sábado eu vo ajuda o Zé Olivério troca as portas e janela da casa dele e ele fico de me dá um dinherinho, eu tava pensando em juntá mas compra o sapato dele
- passa essa água aqui pra mim
- é, eu num queria fala nada, mas fico sargado esse fejão que chega queimá a guela
- num é? eu to achando que botei sal duas vezes, acho que enquanto eu fiquei preocupada com a lâmpada que queimô eu fiz isso
- quê? cê tá querendo dize então que a curpa é minha? oia aqui Neuza não vai adiantá não viu? num tô nem aí, toma água, bastante água que é bom pa pele
- Tunico
- hum
- eu tava querendo í embora daqui
- por causa de quê?
- não sei, um aperto no coração, saudade da nossa terra, ocê trabáia muito mas não ganha muito, lá é mais sussegadu
- sei não
- eu não quero morre longe de mãe
- e ocê vai morre, vai?
- ué, eu e todo mundo vai morre o ocê é santo?
- santo não que santo só vira santo quando morre
- é, mas ocê não acha que os tempo tão passando rápido demais?
- tão mesmo
- num qué mais?
- não, vô descansa
- pode í, mas já tá avisado, só vai te janta si tivé luz

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